terça-feira, 31 de maio de 2011

USO DO VÉU PARA MULHERES

Pergunta feita pelo irmão Bruno, na comunidade do orkut: Assembleia de Deus -TC: 


 "Lá na 1ª carta do Apóstolo Paulo a igreja de coríntios, no capítulo 11, fala que ´´o homem que ora ao SENHOR, com a cabeça coberta; desonra o SENHOR, e toda mulher que ora com a cabeça sem o véu, desonra o SENHOR. E ai? Nossa igreja não tem esse hábito, vcs acham que as assembléianas deveriam usar o véu?"


Respondo o seguinte:



Em questões como essa é muito perigoso olhar o texto sem o contexto, por isso convido os amados a olharmos alguns contextos bíblicos.
A Bíblia nos mostra que o uso do véu, como em questão, denota alguns entendimentos, que variam de época à época e de lugar para lugar, assim escrevo:
Em Gn 24:65, Cant. 4:1 – Quando Rebeca avistou Isaque, cobriu o rosto (Uso e costumes).
Em Gn 38:14 – Quando Tamar disfarçou-se usando véu. Note que ele (Judá) a teve por meretriz por USAR véu. Naquela situação, cobrir-se é que aparentou-a uma prostituta.
Em Êx.26:31 – O véu separava o Santo lugar do Santo dos Santos.
Em II Cor.3:13 – Moisés usava o véu para conter o resplendor que dele se desvanecia (uso).
Em II Cor.3:14 – O mesmo véu permanece quando os Judeus lêem as escrituras porque não entendem a nova aliança. Note, o desuso do véu é caracterizado como sinal da Nova Aliança (não é cultural nem usual, aqui é figura teológica).

Assim, dependendo do costume da época, o uso tinha seu significado, desta feita vejamos o costume da época da igreja em Corínto:


Na Antiguidade, a mulher carregava no corpo um sinal da autoridade do marido. Esse sinal era o véu. Esse mesmo costume prevalece até hoje entre alguns povos do Oriente. Nestes lugares, a mulher honesta não deve aparecer em público sem o véu, ou algo correspondente. No Irã, por exemplo, se usa o xador; no Afeganistão, os Talibans criaram a burca (um vestido comprido que cobre até os olhos); na Arábia Saudita, uma mulher pode até apanhar de chicote, caso esqueça o véu em casa.No costume das cidades gregas e orientais, as mulheres cobriam a cabeça ao aparecem em público. Havia algumas exceções: mulheres de luto, as prostitutas e as esposas infiéis. NO caso das mulheres devassas é importante ver que Corinto, principalmente, era uma cidade infestada de prostitutas. A prostituição fazia parte da adoração pagã. Nos templos pagãos elas se encontravam aos montes (há comentarista afirmando que haviam mais de mil prostitutas lá). O fato relevante aqui é: o desuso do véu por parte dessas mulheres era notório.
 No tempo dos apóstolos, esse costume ainda era largamente praticado, mas parece que em Corinto um movimento de libertação feminina estava se iniciando e tirando a paz da igreja. Por isso, as mulheres estavam tirando o véu no culto público, por sentirem que o evangelho as libertava do “jugo” do marido. Isso estava causando intrigas nos lares e na igreja, e estava também repercutindo mal na comunidade, pois as pessoas que presenciavam os cultos cristãos escandalizavam-se por ver mulheres sem véu (ou seja, indecentes e desonradas) tomando parte no culto. Seria realmente aquela uma religião própria para mulheres honestas e fiéis, ou tratava-se de uma seita formada por prostitutas? Era a crítica feita à igreja.

Assim é importante notar que para o tempo da igreja em corínto era necessário usar o véu para não gerar escândalo e também para que as mulheres cristãs não viessem a desvalorizadas por sua fé. Mas, no Brasil não é costume assim o fazer, o uso do véu aqui nem diz nem desdiz nada em relação à conduta feminina, assim, aqui, o uso não é necessário. Importante salientar duas coisas:

  1. Eu disse AQUI e não NESTA ÉPOCA, pois em alguns países árabes, como mencionei acima, ainda hoje é obrigatório o uso do véu, e como ele nem eleva nem diminui a espiritualidade feminina...
  2. Eu disse NECESSÁRIO e não OBRIGATÓRIO, pois em países livres como o Brasil tanto faz usar como não usar, desde que ele não seja medida de fé, nem muito menos usado para a salvação (só será salvo quem usar e quem não usar já está condenado) porque a salvação advém unicamente através do sacrifício de Cristo.
Posto algo que li num site batista...

"O problema gerado pela tão insistente pergunta “Devem ou não as irmãs usarem véu?” É respondido: Se o costume do povo o tiver por um padrão de decência, sim deve. Caso não houver restrições culturais ou sociais, só se quiser. Desta forma o entendemos.
Vemos mais. A questão de conformar com o mundo anda – infelizmente – tão ligada aos próprios desejos que muito dificilmente uma maioria se proporia ao uso do véu por uma questão simples de evitar o mal falar. Assim como dificilmente deixariam de usar pela mesma razão. É triste ver nas igrejas de hoje os crentes cada vez mais e mais obstinados em fazer as suas próprias vontades. Em nome da liberdade cristã faz-se de tudo, sem aceitar qualquer forma de compromisso com os mais fracos, ou os escandalizados. Música, roupas, estilos, cortes de cabelo, decoração, literatura, e toda uma industria “pra Jesus” parece ainda tão conformada... Será que isso é mesmo liberdade cristã, ou muitos têm lançado mão do arado, e olhado para traz? (Lucas 9:61).
Contextualizando-se, o problema de Corinto ainda permanece".

pergunto então: O que você conclui? Afinal o q Paulo quis dizer em I Co 9:19-22?

BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida revista e Corrigida
CHAMPLIN, R. N., O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo – Volume III. São Paulo: Editora Hagnos, 1998.
Halley, Henry H. Manual Bíblico. 4 ed. São Paulo: Vida Nova, 1994.
Boyer, Orlando. Pequena Enciclopédia bíblica. 26 ed. São Paulo: Ed. Vida, 1998.
Mears, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. 14 ed. São Paulo: Ed. Vida, 2002.

terça-feira, 17 de maio de 2011

DEUS NOS LIVRE DE RICARDO GONDIM POIS BEM AVENTURADA A NAÇÃO CUJO DEUS É O SENHOR

“Deus nos livre de um país evangélico”, diz Ricardo Gondim 
 
O pastor Ricardo Gondim escreveu um artigo falando do seu pavor em ver o Brasil se tornar um país completamente evangélico. Tentando se explicar, ele fala não contra o cristianismo, mas contra o movimento evangélico. Citando o que aconteceria na cultura e na ciência, o pastor prevê um verdadeiro caos nacional.
Confira o artigo completo:
“Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.
Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.
Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).
Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.
Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?3
Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam imp-’lacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?
Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.
Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.
Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.
Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.
O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.
Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico. 



Ricardo Gondim”


FONTE:
http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=65&sg=0&id=2400